sábado, 31 de agosto de 2013

O verdadeiro nome de Oduduwa

Como explicou em outra ocasião, Oduduwa foi um personagem histórico do povo yoruba. Oduduwa foi um temível guerreiro invasor, vencedor dos ìgbós e fundador da cidade de Ifé. Segundo historiadores, Oduduwa teria vivido entre 2000 a 1800 anos antes de Cristo. Oduduwa foi pai dos reis de diversas nações yorubás, tornando-se assim cultuado após sua morte, devido ao costume yoruba de cultuarem-se os ancestrais. Segundo o historiador Eduardo Fonseca Júnior, Oduduwa chamava-se Nimrod, que desceu do Egito até Yarba onde fixou residência. Ao longo do caminho até Yarba, Nimrod ou Oduduwa fundou diversos reinos. Diz ainda que Oduduwa tivesse ido para a África a mando de Olodumare para redimir os descendentes de Caim que à semelhança de seu ancestral, carregavam um sinal na testa. Segundo o historiador, Nimrod trocou de nome e passou-se a se chamar Oduduwa, "aquele que tem existência própria"; onde Ile-Ifé é aquele que cresce e se expande. Segundo o Professor José Beniste, Oduduwa é assim chamado devido ao fato dele cultuar uma divindade chamada Oduá, que na verdade chama-se Odulobojé, que é a representação feminina, com o poder da gestação. Era o ancestral cultuado pelo herói aqui em questão, gerador de toda cultura yoruba. Como podemos observar Oduduwa (o fundador de Ilé-Ifé), segundo grandes pesquisadores como Pierre Verger, José Beniste, Eduardo Fonseca Júnior é um personagem histórico.

Fonte: jornalkibanazambiaxeecia.com

Os Mitos do Candomblé

O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda história da humanidade. O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá. A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral. Basicamente este culto está assim organizado: 1º Olorun - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso 2º Olodumare - Senhor do Destino 3º Orumilá - Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá) 4º Orixá - Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser possuído pelo Orixá" 5º Egungun - Espíritos dos Ancestrais Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos. Sem estas estórias, lendas ou ìtan seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá. O MITO DA CRIAÇÃO (Segundo a Tradição yoruba) Olodumaré enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão para saber se a terra estava firme. Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda à Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalá furou com seu opasoro o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um líquido refrescante que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo. Olodumaré, vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa, enviou Oduduwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose. Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros. Oduduwa interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumaré. Esta situação provocou uma guerra entre Oduduwa e Oxalá. O último, Oxalá, foi então derrotado e Oduduwa tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou "O primeiro Rei de Ifé". 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Acaça, A comida mais Importante do Candomblé



As definições mais elementares do acaçá (àkàsà)  é de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvido, ainda quente, em folhas de bananeiras. A definição é correta, mas extremante superficial, pois o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé. Seu preparo é forma de utilização nos rituais e oferenda. Envolvem preceitos e regulamentos bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.
 Todos os orixás, de Exu a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimônias, do ebó mais simples as sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagens fúnebres e tudo o mais que ocorra em uma casa de candomblé só acontece com a presença do acaçá. A vida e a morte no candomblé se processam à partir desta oferenda fundamental, sem a qual nenhum homem seria poupado dos dissabores e percalços do destino. Quando recorremos á história dos orixás, percebemos o grande mal que a humanidade todas as vezes que se afasta do poder divino, representada, nesse caso, pelo poderoso Orun, a morada de todas as divindades, e pelo supremo, senhor do Destino dos Homens. Olodumaré, também conhecido como Olorum (Zambi).
 Só existe uma oferenda capaz de restituir o axé e desenvolver a paz e a prosperidade na Terra, ela é justamente o acaçá. Mas o que faz de uma comida aparentemente tão simples a maior das oferendas aos orixás?

Será que todos sabem o que realmente é um acaçá?
 Façamos então uma classificação dos elementos que compõem o acaçá para chegarmos à derradeira conclusão. Primeiramente, é preciso esclarecer que a pasta branca à base de farinha de milho (que fica alguns dias de molho e depois passada pelo pilão ou moinho) chama-se na verdade eco (èko). Depois de coxear, uma porção da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de bananeira para enrijecer (na África é utilizada outra folha, chamada èpàpo), tornando-se, agora sim, um acaçá. (Hoje em dia nós temos a facilidade de encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho branco que é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de antigamente).
 Percebe-se a fundamental importância da folha de bananeira, uma vez que o eco só passa a ser acaçá quando envolvido em uma folha verde que lhe atribui existência individualizada, pois passa a ser uma porção desprendida da massa, assim como e emi, que dá vida aos seres, é, na verdade, uma parte da atmosfera, ou do próprio Olorum, que todos ser leva dentro de si, o sopro da vida, o ar que respiramos.
 Portanto, o acaçá é um corpo, o símbolo de um ser. A única oferenda que restituí a redistribui o axé.
 É importante insistir que o que faz do acaçá um corpo único, eminente representação de um ser, é a folha, seu poderoso invólucro verde, que lhe confere individualidade e força vital diante do poderoso orun, os orixás e do grande Deus Oludumaré.
 Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos para nenhum dos dois, que são, a exemplo do obi, elementos indispensáveis em qualquer ritual. Ambos configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para afastar a morte do caminho das pessoas, para que o sacrifício não seja o homem, que são oferecidos.
 O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os orixás.
 Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do candomblé, pois as regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela intuição. “Constituem grandes fundamentos cristalizados” ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas fundamento sim, e fundamentos se aprende.
 Fundamento é o segredo compartilhado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o orixá.
 O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao orixá. Só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse de ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar na folha de bananeira, é o que mantém um terreiro de candomblé de pé. Não existe acaçá que não seja enrolado na folha de bananeira..
 Entretanto, a imprudência vigora em muitos terreiros e não raras vezes se ouve falar de novas iguarias apresentadas como acaçá. Os mais comuns são os acaçá de pia e de forma. No primeiro caso a massa de ecó, mais grossa, é colocada às colheradas sobre o mármore das pias, onde os bolinhos esfriam antes de serem utilizados nos ritos. Na segunda receita a massa é espalhada em uma forma e posteriormente cortada em quadradinhos. Este é um procedimento incorreto e condenável, e as pessoas que agem assim então fadadas ao insucesso e não podem ser consideradas pessoas de axé.
 Não há candomblé sem acaçá, nem acaçá sem folha. A religião dos orixás não admite modificações na essência na essência, e esta comida é essencial, portanto, inviolável. Primeiro vem o acaçá antes dele só a vida. Logo, a folha de bananeira guarda uma vida. Deixar a massa do acaçá exposto é o mesmo que deixar a vida vulnerável. Eis o grande fundamento.

Texto: Gongofila - Tata de Nkice Ananguê de N'gola Djanga ria Matamba

Como se trajar corretamente para uma festa de Candomblé

BOM DIA,
NA TENTATIVA DE RESPONDER ALGUMAS COISAS QUE SEMPRE ME PERGUNTAM FAÇO UMA PESQUISA E PROCURO TEXTOS DE FÁCIL COMPREENSÃO, DESTA VEZ SERÁ SOBRE:
O COMPORTAMENTO DOS VISITANTES NO TERREIRO, SEJA A 1ª VEZ OU NÃO.
FAREI UMA BREVE DESCRIÇÃO DE COMO DEVE-SE PROCEDER AO CHEGAR NO TERREIRO, LEMBRANDO CLARO QUE CERTOS HÁBITOS MUDAM DE CASA PARA CASA E DEVEM SER RESPEITADOS.

- TRAJES
- MULHERES = vestido simples e leves na altura dos joelhos (lembrando que estamos em Salvador e o clima é quente)
HOMENS = traje esporte simples, mas nunca bermudas.
As cores de preferência devem ser brancas ou claras, evitando preto, roxo e marrom.
- se chegar antes de começar, sempre haverá alguém para te oferecer um lugar para sentar, mas evite a as cadeiras próximas as do Babalorixá ou Yalorixá da casa, estas são diferenciadas e pertencem aos cargos da casa. Sente-se apenas se for convidado.
- Aguarde um momento oportuno para cumprimentá-los.
- Procure chegar cedo, todos os momentos da festa são importantes.
- Se, ao chegar o candomblé tiver começado, não fique na porta, pois, em diversos momentos da cerimônia ela é saudada.
- Evite tocar os atabaques.
- Evite passear pelas dependência da roça sem ser convidado, existem lugares específicos para fundamentos e devem ser respeitados.
- Evite fumar, falar alto, ou seja, manter um comportamento discreto.
- Se tiver dúvida no decorrer da cerimônia, aguarde um momento oportuno para esclarecer.
- Em toda festa existe distribuição de comidas, e´a celebração da vida e da fartura do Orixá, um presente a todos que prestigiaram a festa, e você pode recusar sem constrangimento.
DEIXO AQUI UM ABRAÇO A TODOS E DESEJO UM BOM DIA!

Texto livremente adaptado do livro de José Beniste, As Águas de Oxalá.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Conheça os 16 Odus

Um resumo básico sobre os 16 Odus de Orunmilá Ifá.

1. OKANRAN Odú regido por Exu. Você parece ser agressivo, mas na verdade 
está apenas lutando para preservar a independência da qual muito se orgulha. 
Você não poupa esforços para atingir seus objetivos, mas deve tomar cuidado 
para não arrumar inimigos à toa. 

2. EJI-OKÔ Odu regido por Ibeji e Obá. Você se mostra calmo no comportamento e seguro nas decisões, mas na sua mente sempre existem dúvidas. Não tenha 
medo de externar estas incertezas. Como muitas pessoas o amam, você acabará 
recebendo bons conselhos. 

3. ETÁ OGUNDÁ Odu regido por Ogum. A obstinação que se traduz em agita-
ção e inconformismo, é uma das suas principais características. Mas, se usar suas 
qualidades, como a coragem, criatividade e a perseverança, conseguirá o que 
mais anseia: o poder e o sucesso. 

4. IROSUN Odu regido por Iemanjá e pelos eguns. Sempre sereno e disposto a 
ver tudo com muita clareza e objetividade, você sabe resolver situações confusas 
ou tumultuadas. Tem plena consciência da sua força moral e não hesita em usá-la 
para atingir todas as suas metas. 

5. OXÉ Odu regido por Oxum. Sensível e sempre atento, você é uma pessoa 
sempre disposta a proporcionar alegria aos outros. Mas há momentos nos quais 
você precisa de isolamento para poder refletir, pois preza muito sua liberdade e, 
sobretudo, seu, crescimento. 

6. OBARÁ Odu regido por Xangô e Oxossi. Você luta com unhas e dentes pelo 
que quer e geralmente consegue muito sucesso material. Mas, no amor precisa 
entender que não pode exigir demais dos outros. 

7. ODI Odu regido por Obaluaê. Você realmente está satisfeito com o que consegue. Mas não fica se lamentando. Prefere ir à luta. Caso aprenda com clareza 
seus objetivos, alcançará grandes êxitos. 

8. EJI-ONILE Odu regido por Oxaguiã. Sua agilidade mental faz de você uma 
pessoa falante e muito ativa. Além disso, você gosta de poder e prestígio e chega 
a sentir inveja de quem está em melhor situação. Mas seu senso de justiça o impede de prejudicar quem quer que seja. 

9. OSSÁ Odu regido por Iemanjá. Você é uma pessoa que gosta de estudar cuidadosamente todas as coisas e sua larga visão de mundo em busca do conhecimento interior. Se quiser alcançar o sucesso, precisa tomar cuidado de manter alguma ordem no seu dia a dia. 

10. OFUN Odu regido por Oxalufã. Seu jeitão rabugento é apenas um escudo 
para que os outros não abusem da sua vontade e da sua sensibilidade. No fundo, 
você é uma pessoa serena, que se adapta aos autos e baixos da vida. 

11. OWANRIN Odu regido por Iansã e Exu. A pressa e a coragem são suas características. Tenso e agitado, você nunca fica muito tempo no mesmo lugar, a 
não ser que se sinta obrigado. Pode não obter grande sucesso material, mas a vida sempre lhe reserva muitas alegrias. 

12. ELI-LAXEBORÁ Odu regido por Xangô. Sua principal virtude é o amor à justiça, que algumas vezes se transforma em intolerância com os erros alheios. Nessas ocasiões, você deve se voltar para outras de suas qualidades: a dedicação, que 
lhe permite ajudar todas as pessoas. 

13. EJI-OLOGBON Odu regido por Nanã e Obaluaê. Você está quase sempre um 
pouco deprimido. Só faz o que quer quando quer o como quer. Mas, como tem 
grande capacidade de reflexão, acaba se adaptando e consegue viver bem com os 
outros. 

14. IKÁ-ORI Odu regido por Oxumaré e Ewá. Paciência e sabedoria são suas 
principais características. Versátil, você se dá bem em qualquer atividade. Poderá 
passar por provações materiais e sentimentais, mas sempre saberá reencontrar o 
caminho para felicidade. 

15. OGBÉ-OGUNDÁ Regido pelo orixá Tempo. Você uma pessoa rebelde e 
cheia de vontades, que muitas vezes não resiste a defender seu ponto de vista 
mesmo depois que percebe que está errado. Por isso, deve tomar cuidado para 
não se deixar dominar pelo nervosismo. 

16. ALAFIÁ Odu regido por Oxalá e Orumilá. Suas principais características são 
a tranqüilidade e alegria. Amante da paz, você cria um clima de harmonia á sua 
volta. Se mantiver o equilíbrio, sem dúvida alcançará o sucesso. 

Fonte: Lendas Orixás

Agosto é o mês de Obaluayê, o Senhor da Terra!

Uma história muito conhecida conta que:
"Xangô um dia convidou os orixás para uma festa. Havia muita fartura e todos
estavam muito felizes. No meio da festa, eles se dão conta da ausência de Obaluaiê...
Ele não havia sido convidado. Temendo sua cóIera, os orixás decidem ir ao seu palácio, todos juntos, levando o que comer e beber. Era necessário pedir desculpas... fazê-lo esquecer a indelicadeza... Obaluaiê aceita a homenagem, mas faz chamar a todos os habitantes de sua cidade para participar com ele do banquete..."

cerimônia pública chamada Olubajé,
palavra Iorubá que significa Olú: aquele que; Gba: aceita; Je: comer.
Ou, Olú: aquele que; Báje: come com, segundo Cacciatore (1997 : 202).
Esse ritual é dedicado a Obaluaiê (rei da terra), Omolu (filho do senhor), Onilé (senhor da terra),
e a Sapatá e Xapanã (deus da varíola). O último nome, impronunciável ern público, e,
como os outros, um título do mesrno orixá: rei do mundo, senhor da terra e de todos os caminhos.
O Olubajé é realizado nas Casas de Candomblé do Rio de Janeiro, de Salvador, na Bahia,
na cidade de São Paulo, nos "Terreiros" chamados Nagô ou Jejê-nagô, dentre outras cidades do nosso querido Brasil.

texto adaptado do site <A href="http://members.tripod.com/~DilFonseca/olubaje.htm" rel="nofollow noindex external">http://members.tripod.com/~DilFonseca/olubaje.htm</A>

Quem é Obaluaê ?!?

OBALUAIÊ ( "rei", "senhor da terra")


Deus originário do Daomé. Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei) - Oluwô (senhor) - Ayiê (terra), "rei, senhor da terra". Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que quer dizer "filho e senhor". Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.

Obaluaiê é o sol, a quentura e o calor do astro rei, é o senhor das pestes, das doenças contagiosas ou não. É o rei da terra, do interior da terra, e é o orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa), porque para os humanos é proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a esse poderosíssimo orixá. Está no funcionamento do organismo, na dor que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele devemos a nossa saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias.

Divide com Oia-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior, para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã.

Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o orixá da misericórdia.

Rege a má digestão, a congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.

Filho de Nanã, que o abandonou por ser doente, foi criado por Iemanjá. Orixá fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações por sua importância. Conta-se que, abandonado por Nanã, foi cuidado por Iemanjá que o alimentava com pipoca sem sal acrescida de mel para melhorar o gosto, e passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e coceira.



Atotô Ajuberô ! nos cure e nos dê a sua bênção !

Fonte: Fotolog RONVITALLE


Jagun é ou não é Obaluayê?

Muitos olham pra ele de várias formas, uns dizem que ele tem a famosa palha de Obaluayê na cabeça outros afirmam que ele usa apenas um oja na cabeça...
Eu como filho deste Orixá e que tanto corro atrás de informações, raízes e os verdadeiros cultos de Jagun.
Independente de qualquer caminho desse Orixá, ele tem fundamento com Ogun, Ajagunã e Ja.
É um Orixá quente de guerra, destemido e muito valente as vezes temperamental como os seus filhos, mais o seu objetivo é fazer Paz em nome de Oxalá, e que eu posso dizer é que Jagun é natural das terras de Ekiti.
Por isso muitos confundem os filhos de Jagun com os filhos de Oxaguiã, Ogun ou de Omulu.
Mais a confusão entre Jagun e Obaluaye começa quando ele é ordenado por Oxalá junto com Ajagunã e Ja para atacar as terras de Oxum, as terras de Osogbo...
Nisso Oxum descobriu que seria atacada pelos 3 guardiões de Oxalufã, rapidamente consultou Ifá, e fez um ebó pra eles com Igbis e quando eles atacaram cada um foi para um terra diferente.

Jagun foi pra terras de Obaluaye, Ja para as terras de Ifé Ogun, e Ajagunã para as terras de Oxaguiã.
Jagun começou uma nova vida por lá nas terras de Obaluaye, mais viu que lá não existia um culto especifico pra ele como tinha em sua cidade natal Ekiti, e como estava perdido por lá e não sabia voltar por que também estava enfeitiçado por Oxum... então viveu nesse local por um tempo, conseguiu crescer e ganhar o respeito e o culto do povo da terra de Obaluayê, e assim nasceu uma nova espécie de culto pra Jagun sendo assim passando a usar a palha na cabeça mais até a cintura e por baixo da palha sempre usando o branco original seguindo a ordem de Obatalá (Rei do Pano Branco) sem deixar a raiz funfun e está ali lutando em nome de Oxalá.

Mais Jagun não se contentou em ficar ali somente, inquieto e em busca da volta a Ekiti, passou por várias terras de vários Orixás e assim dando origem aos seus caminhos

Jagun Elewé - Ligado a família Unjí, esse caminho é o caminho que Jagun passou nas terras de Sapata e encontrou Orisá Ọ̀sónyìn e aprendeu a magia da cura e das folhas.Caminha com Ọ̀sónyìn.Sua ferramenta é um opere Ọ̀sónyìn prateado mas sem as folhas Faz Oro com Ọ̀sónyìn e ligado a Erinlẹ̀ e Ògún Já.Nesse caminho ele é muito guerreiro e ligado a cura e os mistérios de magia de Ìyámi Oṣoronga.

Jagun Alagba ou Jagun Abagba - Esse caminho de Jagun é muito melindroso,pois ele tem muita ligação com Ìyámi e Baba Egun.Pessoas desse caminho pelo menos tem que se tomar Bori ou Obi com Ejé dois vezes no ano.È um caminho muito quente,tem ligação com Yewa pois ele foi sua esposa e é bom arruma todas as Iyabás para acalmá-lo,alias todos os caminho é bom serca com muito Orisá Omi e Òṣàlà.Esse caminho é Ligado a Ajagunã e Já.Ele leva uma mão de pilão nas costas e mora no quarto de Orinssala ou em um quarto com Ajagunã/Betiode ou Betioco dependendo do Odu da pessoa e Já.Para mexer com esse Orisa independente de caminho tem que tratar bem de Ìyámi, Egun e Esú. Esse caminho de Jagun usa três ikeles um de Buzios,um de conta e outro de Branco de Osala.

Jagun Ọdé Ou Jagun Olodé - Ligado aos Odés.Inclusive mora no quarto dos Odés.Ligado a Ògún e Ọ̀ṣọ́ọ̀si.Ele usa um Ofá prateado.Faz Orô com Ọ̀ṣọ́ọ̀si e Ògún Já. Mas se arruma: Ọ̀ṣọ́ọ̀si,Otín e Logun Edé, Erinlé,Iya Otín ,Ajagunan Betiodé e Ògún..Ou seja ele é ligado a todos os Odés e mais ele sai também no abado de Ọ̀ṣọ́ọ̀si e nos mariows de Ògún.

Jagun Igbona - Ligaçao com Ayrá,nessa fase Jagun era lento como um igbí,que por isso Ayrá esquentou o casco do igbí para esquentalo E por isso nessa fase de Jagun é muito quente por se ligado aos Orisás do fogo.Ayrá e Oyá.

Jagun Agbá funfun - Ligado a Oṣàlúfọ́n, Yèmọnja e Oṣoguian. Esse caminho tem que fazer bastante oro a Ayrá pois ele é guerreiro mais é bem lento ....

Jagun Ajojí ou Jagun Seji Lonan - Ligado a Ògún, muito sanguinário. Ele é muito quente e guerreiro,nessa fazer Jagun usa mariô ou abre caminho para acalmá-lo.Faz orô com Ògún,esse caminho leva um ikele e umbigueira de ferro.Ligado a Esú Ona também..

Jagun Aisan - Esse caminho de Jagun é totalmente Fêmea ou seja Iyabá,esse caminho ele se cobre de palha ou mario.quase não se faz mais.Assim conta -se o itan que ele nesse caminho seria fêmea.E por mais um motivo que muitas pessoas confundirão Jagun c/ Obalúwaìye por esse caminho usar palha.Esse caminho só se arruma não se faz em Ori.

Considerar Jagun como Obaluayê não está errado, pois o mesmo aceitou as tradições das terras de Obaluaye, mais também é correto usar por opção do Zelador todos os fundamentos desse Orixá pois ele tem cantigas e culto próprio, é correto também Jagun não vestir palha.


                                 Ilustração de Jagun (a esquerda) e Obaluayê (a direita)

Que depois de anos, lá na cidade de Ekití, Olooke o grande senhor da montanha e rei de Ektií e pai de Oxum, sentia falta de sua filha na cidade onde ela nasceu. Oxum,estava na cidade de Osogbo, então Olooke por ser muito amigo e companheiro inseparável de Obatalá, pediu a ele que enviasse seu filho Oxaguiã para buscar Oxum. Assim fez, Oxaguiã foi buscar Oxum a força, Oxum não queria vir e ele não conseguiu trazê-la de volta, pois Oxum amava a cidade de Osogbo onde ela comandava sozinha tudo aquilo. Então voltou Oxaguiã para Obatalá sem Oxum. Oxaguiã com medo da reação de Olooke pediu a Obatalá que não deixasse ele fazer nada contra ele. Olooke então lembrou do outro guerreiro de Oxalá que se chamava Jagun e que ele muito confiava. Olooke ao saber que Jagun tinha sofrido um golpe por feitiço de Oxum,ele imediatamente mandou chamar Jagun. Jagun então voltou a terra de Ekití onde ele nasceu, foi perante a Oké e lhe pediu perdão por anos sumido de suas terras Olooke pediu que ele fosse buscar Oxum, Jagun retrucou dizendo que ela tinha o poder das Íyas e que ele não conseguiria. Olooke como ele que tinha outorgado a Iyas seus poderes de Agé, falou: Ómo Jagun vá que nada te acontecerá. Assim fez Jagun foi chegou e trouxe Oxum. Olooke por estar tão feliz em ver sua filha de volta deu o titulo a Jagun de Jagun-Efan, que seria guerreiro de Oxum. Ele muito grato a Jagun deu lhe o privilegio de ser uns príncipes de Efan e dividir o reinado do Ekiti com Oxum, para que Oxum sempre lembra-se dele.

Bom, com isso Jagun volto a terra de Efan, mas Jagun não esquecera as terras do Jejê onde tinha filho, mulher e amigos. Ai demonstra o porque o Efan acabou tendo ligação com as terras dos voduns e porque hoje em dia e no antigo terreiro do Oloroke cultuava Iroko,Omolu,Bessen,nana e outros vodus.


Opinião feita em base de pesquisas feitas por: Oluwá Le Ji de Jagun

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Iniciação no Candomblé

O sacerdócio e organização dos ritos para o culto dos orixás são complexos, com todo um aprendizado que administra os padrões culturais de transe, pelo qual os deuses se manifestam no corpo de seus iniciados durante as cerimonias para serem admirados, louvados, cultuados. Os iniciados, filhos e filhas-de-santo (iaô, em linguagem ritual), também são popularmente denominados “cavalos dos deuses” uma vez que o transe consiste basicamente em mecanismo pelo qual cada filho ou filha se deixa cavalgar pela divindade, que se apropria do corpo e da mente do iniciado, num modelo de transe inconsciente bem diferente daquele do kardecismo, em que o médium, mesmo em transe, deve sempre permanecer atento à presença do espírito. O processo de se transformar num “cavalo” é uma estrada longa, difícil e cara, cujos estágios na “nação” queto podem ser assim sumariados:
Para começar, a mãe-de-santo deve determinar, através do jogo de búzios, qual é o orixá dono da cabeça daquele indivíduo (Braga, 1988). Ele ou ela recebe então um fio de contas sacralizado, cujas cores simbolizam o seu orixá (ver Anexo), dando-se início a um longo aprendizado que acompanhará o mesmo por toda a vida. A primeira cerimonia privada a que a noviça (abiã) é submetida consiste num sacrifício votivo à sua própria cabeça (ebori), para que a cabeça possa se fortalecer e estar preparada para algum dia receber o orixá no transe de possessão. Para se iniciar como cavalo dos deuses, a abiã precisa juntar dinheiro suficiente para cobrir os gastos com as oferendas (animais e ampla variedade de alimentos e objetos), roupas cerimoniais, utensílios e adornos rituais e demais despesas suas, da família-de-santo, e eventualmente de sua própria família durante o período de reclusão iniciática em que não estará, evidentemente, disponível para o trabalho no mundo profano.
Como parte da iniciação, a noviça permanece em reclusão no terreiro por um número em torno de 21 dias. Na fase final da reclusão, uma representação material do orixá do iniciado (assentamento ou ibá-orixá) é lavada com um preparado de folhas sagradas trituradas (amassi). A cabeça da noviça é raspada e pintada, assim preparada para receber o orixá no curso do sacrifício então oferecido (orô). Dependendo do orixá, alguns dos animais seguintes podem ser oferecidos: cabritos, ovelhas, pombas, galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado sobre a cabeça da noviça, no assentamento do orixá e no chão do terreiro, criando este sacrifício um laço sagrado entre a noviça, o seu orixá e a comunidade de culto, da qual a mãe-de-santo é a cabeça. Durante a etapa das cerimonias iniciáticas em que a noviça é apresentada pela primeira vez à comunidade, seu orixá grita seu nome, fazendo-se assim reconhecer por todos, completando-se a iniciação como iaô (iniciada jovem que “recebe” orixá). O orixá está pronto para ser festejado e para isso é vestido e paramentado, e levado para junto dos atabaques, para dançar, dançar e dançar.
No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos, a dança e a comida (Motta, 1991). Uma festa de louvor aos orixás (toque) sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que significa “vamos comer”), preparado com carne dos animais sacrificados. O novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimonias festivas ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa “meu irmão mais velho”), estando ritualmente autorizado a abrir sua própria casa de culto. Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação.
Quando o ebômi morre, rituais fúnebres (axexê) são realizados pela comunidade para que o orixá fixado na cabeça durante a primeira fase da iniciação possa desligar-se do corpo e retornar ao mundo paralelo dos deuses (orum) e para que o espírito da pessoa morta (egum) liberte-se daquele corpo, para renascer um dia e poder de novo gozar dos prazeres deste mundo.
Fonte: Herdeiras do Axé por Reginaldo Prandi