segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Olodumaré ou Olorum?

Ao contrário do que se pensa, o Candomblé é uma religião monoteísta, ou seja, seus fiéis acreditam em um único Deus Supremo, chamado por muitos nomes em virtude de contrações e adaptações das línguas africanas, principalmente o yorubá. Os dois nomes mais conhecidos do Ser Supremo são Olodumaré e Olorum. A palavra Olodumaré é contração das palavras Ol' (oni) odu mare (ou ma re ou mo are). A palavra Ol' (oni) significa senhor, parte principal, líder absoluto, chefe, autoridade. Odu traduz-se como algo muito grande, um recipiente profundo, algo muito extenso, pleno. A parte final do nome Olodumaré parece ser originada tanto de mare (aquele que é absolutamente perfeito, o supremo em qualidades), quanto das combinações ma re (aquele que permanece, aquele que sempre é) ou mo are, que é aquele que tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na terra e é incomparável. Já o nome Olorum é resultado da contração de Ol' (oni) e Orum, que quer dizer céu, designando o Senhor do Céu.



Assim como nas demais religiões monoteístas, segundo o Candomblé, Olodumaré criou o mundo material e tudo que está nele, inclusive o homem. Para ajudá-lo nessa tarefa, Olodumaré criou também os Orixás, forças sobrenaturais que habitavam o Orum (Céu) e se concretizaram associados às forças da natureza e seus elementos, manifestando-se através desses.


Conta a lenda que no princípio dos tempos existiam dois mundos: o Orum, espaço sagrado dos orixás, e o Aiyê, espaço dos seres vivos. No Aiyê primitivo só existia água. Um dia Olodumaré resolveu recriar o espaço para a humanidade que também criaria. Incumbiu, então, seu filho primogênito, Orixanilá (o nome mais sagrado de Oxalá) da execução dessa tarefa. Entregou-lhe uma cabaça contendo ingredientes especiais: a terra escura inicial, a galinha de cinco dedos, uma pomba e um camaleão. A terra escura deveria ser lançada sobre a imensidão das águas. A galinha de cinco dedos deveria ir ciscando a terra para alargá-la o mais que pudesse. A pomba, ao voar, orientaria a extensão da terra expandida e criaria o ar. E o camaleão, atento a tudo, observaria a execução da tarefa atribuída a Orixanilá, para reportar os fatos a Olodumaré. Assim foi explicado e, com seu cajado (opaxorô) e a cabaça da criação, Orixanilá iniciou sua caminhada do Orum para o Aiyê. Passou por Bará (Exu) e não pagou as oferendas devidas, mesmo tendo consultado Ifá e sabendo que devia fazê-lo. Em conseqüência disso, no meio do caminho Orixanilá sentiu-se cansado e com sede. Parou para descansar, bebeu um pouco de emu (vinho da palmeira do dendezeiro) e, embriagado, adormeceu. Seu irmão caçula, Oduduà (mais um nome da família de Oxalá), tendo-o seguido, recolheu a cabaça da criação e levou a notícia do ocorrido a seu pai, Olodumaré, pedindo a ele que o deixasse cumprir pelo irmão aquela tarefa de grande importância. Olodumaré concordou e, enquanto Orixanilá dormia, Oduduà criou a terra dos seres vivos. Depois de a galinha ciscar a terra, a pomba orientar a expansão do ar e o camaleão, que deu origem ao elemento fogo, verificar se a tarefa fora cumprida, surgiu a terra firme ou Ilê Ifé (que no idioma yorubá significa "terra que foi sendo ciscada"). Orixanilá então, vendo o mundo pronto, mostrou-se arrependido do seu ato de irresponsabilidade perante o pai. E, para que não se sentisse tão humilhado, Olodumaré resolveu, em um supremo ato de inspiração, dar a Orixanilá uma tarefa de tanta importância quanto a primeira: a de criar o homem que habitaria o Aiyê. Orixanilá usou o barro e a água para esculpir bonecos inanimados de todas as formas e de todas as cores. Olodumaré, então, soprou a vida nas narinas dos bonecos de barro, criando os seres humanos. Esse sopro da vida é chamado pelos yorubás de emi. Estavam então criados o mundo e o homem.

Os caminhos ou qualidades do Orixá Exu

Exu recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce ou com suas qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará, Alaketu, Agbô, Odara, Akessan, Lalu, Ijelu (aquele que rege o nascimento e o crescimento de tudo o que existe), Ibarabo, Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê).

Oba Iangui: o primeiro, foi dividido em varias partes segundo os seus mitos.

Agba: o ancestral, epíteto referente à sua antiguidade.

Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o primeiro senhor de ketu.

Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado nos assentos. Esse objecto
lembra o movimento que Exu faz quando se move ao jeito de um furacão.

Odara: fase benéfica quando ele não está transitando caoticamente.

Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios.

Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão ao domínios do orixá e ao sistema
divinatório.

Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.

Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres diferenciados. Culto em
Ijelu.

Ina: quando é invocado na cerimónia do Ipade regulamentando o ritual.

Onan: referencia aos bons caminhos, a maioria dos terreiros tem-no, seu fundamento, reza que não pode ser comprado nem ganho e sim achado por acaso.

Ojise: com essa invocação ele fará a sua função de mensageiro.

Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total domínio.

Elebo: possui as mesmas atribuições com caracterizações diferentes.

Ajonan: tinha o seu culto forte na antiga região Ijesa.

Maleke: o mesmo citado acima.

Lodo: senhor dos rios, função delicada, dado a conflitos de elementos

Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino simbolizando virilidade e procriação.

Oguiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de Orumila-Ifa.

Enugbarijo: nessa forma Exu passa a falar em nome de todos os orixás.

Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.

Eledu: estabelece o seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo que foi petrificado.

Olobe: domina a faca e objetos de corte. É comum assenta-lo para pessoas que
possuem posto de Asogun.

Woro: vem da cidade do mesmo nome.

Marabo: aspecto de Exu onde cumpre o papel de protetor Ma=verdadeiramente,
Ra=envolver, bo=guardião. Também chamado de Barabo= esu da proteção, não confundi-lo com seu marabo da religião Umbandista.

Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em português aquele que fala mais alto, portanto qualquer orixá pode ser soroke.

Exú Elegbára = senhor do poder 
Exú Yangi = pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente – água + terra 
Exú Àgbá = pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais) 
Exú Obá = rei-de-todos 
Exú Alakétu = título dado a exú pelos kétu da Bahia – rei do povo Kétu 
Exú Elebo = senhor-das-oferendas 
Exú Ojìse-ebo = encarregado-e-transportador de oferendas 
Exú Elérú = senhor do erú (carrego) 
Exú Olòbe = proprietário e senhor da faca 
Exú Enú-gbárijo = explicitador de mensagens 
Exú Bara = o rei do corpo (obá + ara) (princípio de vida individual) 
Exú Odara = aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente)

Exu Oro
Exu Oro é o responsável pela transmissão do poder através da fala. Ele é quem dá para os sacerdotes e sacerdotisas o poder de acionar as forças espirituais através das evocações sagradas: preces , encantações , cânticos . Existem algumas palavras de grande axé usadas nos rituais sagrados que muitas vezes não se conhece a tradução. Elas funcionam como códigos para abrir certos portais do mundo Invisível (ORUN), acionando o poder para transformar nossas vidas. Somente Exu Oro conhece estes segredos, e somente ele pode dar a autorização necessária para entrarmos nestes mistérios.

Exu Opin
É o Exu que deve ser evocado sempre que queremos estabelecer um local como sagrado. É ele quem faz a demarcação dos limites que separam o espaço sacralizado do espaço comum. Fazem-se uma construção qualquer e nela queremos instalar os nossos assentamentos de Orixás, além de evocar o exu do nosso caminho pessoal será necessário pedir a Exu Opin que aceite uma oferenda para consagrar o lugar. A partir daquele local deve passar a ser usado exclusivamente para fins religiosos, e deve haver uma separação bem nítida entre este espaço e o espaço livre para a circulação.

No caso de se colocar, por exemplo, um assentamento dentro de casa, é aconselhável colocá-lo sobre uma esteira e, se possível cercar em volta com uma outra esteira. Sempre pedindo a exu Opin para sacratizar o ambiente, não importa a localização ou tamanho. Isto é válido, também, para os ambientes ritualísticos estabelecidos ao ar livre.

Exú GOGO

• Este caminho de Exu *Divino Executor*. É conhecido também como o Exu responsável pela recompensa divina a todos os atos dos seres humanos (e também dos seres espirituais). Exu Gogó conhece todas as nossas reencarnações estende sua ação através destes diversos ciclos encarnatórios. Aquilo que costumamos chamar lei do retomo é exatamente a função do exú Gogó fazer este retorno acontecer: O bem recompensado com o bem; o mal recompensado com o mal. Dentro destas atribuições de cobrança espiritual e material encontra-se sempre a chance de todos se arrependerem, pagarem por seus erros e tomarem um outro ritmo de vida. Quando isto não acontece numa vida, poderá ser resgatado numa próxima encarnação.

Exú WARA
Ele é o exú que controla os relacionamentos Interpessoais. Ou seja: amizade, sociedade de negados, casamento, companheirismo de trabalho, vinculo familiar, fraternidade religiosa… Enfim, todos os tipos de relacionamentos só possuem um estado de plena compreensão, harmonia e verdadeira colaboração quando aprovados por EXÚ WARA.
Sempre que se planeja estabelecer um novo vinculo é aconselhável consular Exú Wara e, de preferência, fazer-lhe uma oferenda de apaziguamento, para que tudo possa ocorrer sempre na mais perfeita ordem, sem possibilidades de atrito, confusão, mal-entendidos, etc…

sábado, 31 de agosto de 2013

O verdadeiro nome de Oduduwa

Como explicou em outra ocasião, Oduduwa foi um personagem histórico do povo yoruba. Oduduwa foi um temível guerreiro invasor, vencedor dos ìgbós e fundador da cidade de Ifé. Segundo historiadores, Oduduwa teria vivido entre 2000 a 1800 anos antes de Cristo. Oduduwa foi pai dos reis de diversas nações yorubás, tornando-se assim cultuado após sua morte, devido ao costume yoruba de cultuarem-se os ancestrais. Segundo o historiador Eduardo Fonseca Júnior, Oduduwa chamava-se Nimrod, que desceu do Egito até Yarba onde fixou residência. Ao longo do caminho até Yarba, Nimrod ou Oduduwa fundou diversos reinos. Diz ainda que Oduduwa tivesse ido para a África a mando de Olodumare para redimir os descendentes de Caim que à semelhança de seu ancestral, carregavam um sinal na testa. Segundo o historiador, Nimrod trocou de nome e passou-se a se chamar Oduduwa, "aquele que tem existência própria"; onde Ile-Ifé é aquele que cresce e se expande. Segundo o Professor José Beniste, Oduduwa é assim chamado devido ao fato dele cultuar uma divindade chamada Oduá, que na verdade chama-se Odulobojé, que é a representação feminina, com o poder da gestação. Era o ancestral cultuado pelo herói aqui em questão, gerador de toda cultura yoruba. Como podemos observar Oduduwa (o fundador de Ilé-Ifé), segundo grandes pesquisadores como Pierre Verger, José Beniste, Eduardo Fonseca Júnior é um personagem histórico.

Fonte: jornalkibanazambiaxeecia.com

Os Mitos do Candomblé

O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda história da humanidade. O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá. A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral. Basicamente este culto está assim organizado: 1º Olorun - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso 2º Olodumare - Senhor do Destino 3º Orumilá - Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá) 4º Orixá - Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser possuído pelo Orixá" 5º Egungun - Espíritos dos Ancestrais Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos. Sem estas estórias, lendas ou ìtan seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá. O MITO DA CRIAÇÃO (Segundo a Tradição yoruba) Olodumaré enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão. A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão para saber se a terra estava firme. Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda à Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalá furou com seu opasoro o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um líquido refrescante que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo. Olodumaré, vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa, enviou Oduduwa para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose. Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros. Oduduwa interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumaré. Esta situação provocou uma guerra entre Oduduwa e Oxalá. O último, Oxalá, foi então derrotado e Oduduwa tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou "O primeiro Rei de Ifé". 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O Acaça, A comida mais Importante do Candomblé



As definições mais elementares do acaçá (àkàsà)  é de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvido, ainda quente, em folhas de bananeiras. A definição é correta, mas extremante superficial, pois o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé. Seu preparo é forma de utilização nos rituais e oferenda. Envolvem preceitos e regulamentos bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.
 Todos os orixás, de Exu a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimônias, do ebó mais simples as sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagens fúnebres e tudo o mais que ocorra em uma casa de candomblé só acontece com a presença do acaçá. A vida e a morte no candomblé se processam à partir desta oferenda fundamental, sem a qual nenhum homem seria poupado dos dissabores e percalços do destino. Quando recorremos á história dos orixás, percebemos o grande mal que a humanidade todas as vezes que se afasta do poder divino, representada, nesse caso, pelo poderoso Orun, a morada de todas as divindades, e pelo supremo, senhor do Destino dos Homens. Olodumaré, também conhecido como Olorum (Zambi).
 Só existe uma oferenda capaz de restituir o axé e desenvolver a paz e a prosperidade na Terra, ela é justamente o acaçá. Mas o que faz de uma comida aparentemente tão simples a maior das oferendas aos orixás?

Será que todos sabem o que realmente é um acaçá?
 Façamos então uma classificação dos elementos que compõem o acaçá para chegarmos à derradeira conclusão. Primeiramente, é preciso esclarecer que a pasta branca à base de farinha de milho (que fica alguns dias de molho e depois passada pelo pilão ou moinho) chama-se na verdade eco (èko). Depois de coxear, uma porção da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de bananeira para enrijecer (na África é utilizada outra folha, chamada èpàpo), tornando-se, agora sim, um acaçá. (Hoje em dia nós temos a facilidade de encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho branco que é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de antigamente).
 Percebe-se a fundamental importância da folha de bananeira, uma vez que o eco só passa a ser acaçá quando envolvido em uma folha verde que lhe atribui existência individualizada, pois passa a ser uma porção desprendida da massa, assim como e emi, que dá vida aos seres, é, na verdade, uma parte da atmosfera, ou do próprio Olorum, que todos ser leva dentro de si, o sopro da vida, o ar que respiramos.
 Portanto, o acaçá é um corpo, o símbolo de um ser. A única oferenda que restituí a redistribui o axé.
 É importante insistir que o que faz do acaçá um corpo único, eminente representação de um ser, é a folha, seu poderoso invólucro verde, que lhe confere individualidade e força vital diante do poderoso orun, os orixás e do grande Deus Oludumaré.
 Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos para nenhum dos dois, que são, a exemplo do obi, elementos indispensáveis em qualquer ritual. Ambos configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para afastar a morte do caminho das pessoas, para que o sacrifício não seja o homem, que são oferecidos.
 O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os orixás.
 Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do candomblé, pois as regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela intuição. “Constituem grandes fundamentos cristalizados” ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas fundamento sim, e fundamentos se aprende.
 Fundamento é o segredo compartilhado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o orixá.
 O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao orixá. Só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse de ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar na folha de bananeira, é o que mantém um terreiro de candomblé de pé. Não existe acaçá que não seja enrolado na folha de bananeira..
 Entretanto, a imprudência vigora em muitos terreiros e não raras vezes se ouve falar de novas iguarias apresentadas como acaçá. Os mais comuns são os acaçá de pia e de forma. No primeiro caso a massa de ecó, mais grossa, é colocada às colheradas sobre o mármore das pias, onde os bolinhos esfriam antes de serem utilizados nos ritos. Na segunda receita a massa é espalhada em uma forma e posteriormente cortada em quadradinhos. Este é um procedimento incorreto e condenável, e as pessoas que agem assim então fadadas ao insucesso e não podem ser consideradas pessoas de axé.
 Não há candomblé sem acaçá, nem acaçá sem folha. A religião dos orixás não admite modificações na essência na essência, e esta comida é essencial, portanto, inviolável. Primeiro vem o acaçá antes dele só a vida. Logo, a folha de bananeira guarda uma vida. Deixar a massa do acaçá exposto é o mesmo que deixar a vida vulnerável. Eis o grande fundamento.

Texto: Gongofila - Tata de Nkice Ananguê de N'gola Djanga ria Matamba

Como se trajar corretamente para uma festa de Candomblé

BOM DIA,
NA TENTATIVA DE RESPONDER ALGUMAS COISAS QUE SEMPRE ME PERGUNTAM FAÇO UMA PESQUISA E PROCURO TEXTOS DE FÁCIL COMPREENSÃO, DESTA VEZ SERÁ SOBRE:
O COMPORTAMENTO DOS VISITANTES NO TERREIRO, SEJA A 1ª VEZ OU NÃO.
FAREI UMA BREVE DESCRIÇÃO DE COMO DEVE-SE PROCEDER AO CHEGAR NO TERREIRO, LEMBRANDO CLARO QUE CERTOS HÁBITOS MUDAM DE CASA PARA CASA E DEVEM SER RESPEITADOS.

- TRAJES
- MULHERES = vestido simples e leves na altura dos joelhos (lembrando que estamos em Salvador e o clima é quente)
HOMENS = traje esporte simples, mas nunca bermudas.
As cores de preferência devem ser brancas ou claras, evitando preto, roxo e marrom.
- se chegar antes de começar, sempre haverá alguém para te oferecer um lugar para sentar, mas evite a as cadeiras próximas as do Babalorixá ou Yalorixá da casa, estas são diferenciadas e pertencem aos cargos da casa. Sente-se apenas se for convidado.
- Aguarde um momento oportuno para cumprimentá-los.
- Procure chegar cedo, todos os momentos da festa são importantes.
- Se, ao chegar o candomblé tiver começado, não fique na porta, pois, em diversos momentos da cerimônia ela é saudada.
- Evite tocar os atabaques.
- Evite passear pelas dependência da roça sem ser convidado, existem lugares específicos para fundamentos e devem ser respeitados.
- Evite fumar, falar alto, ou seja, manter um comportamento discreto.
- Se tiver dúvida no decorrer da cerimônia, aguarde um momento oportuno para esclarecer.
- Em toda festa existe distribuição de comidas, e´a celebração da vida e da fartura do Orixá, um presente a todos que prestigiaram a festa, e você pode recusar sem constrangimento.
DEIXO AQUI UM ABRAÇO A TODOS E DESEJO UM BOM DIA!

Texto livremente adaptado do livro de José Beniste, As Águas de Oxalá.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Conheça os 16 Odus

Um resumo básico sobre os 16 Odus de Orunmilá Ifá.

1. OKANRAN Odú regido por Exu. Você parece ser agressivo, mas na verdade 
está apenas lutando para preservar a independência da qual muito se orgulha. 
Você não poupa esforços para atingir seus objetivos, mas deve tomar cuidado 
para não arrumar inimigos à toa. 

2. EJI-OKÔ Odu regido por Ibeji e Obá. Você se mostra calmo no comportamento e seguro nas decisões, mas na sua mente sempre existem dúvidas. Não tenha 
medo de externar estas incertezas. Como muitas pessoas o amam, você acabará 
recebendo bons conselhos. 

3. ETÁ OGUNDÁ Odu regido por Ogum. A obstinação que se traduz em agita-
ção e inconformismo, é uma das suas principais características. Mas, se usar suas 
qualidades, como a coragem, criatividade e a perseverança, conseguirá o que 
mais anseia: o poder e o sucesso. 

4. IROSUN Odu regido por Iemanjá e pelos eguns. Sempre sereno e disposto a 
ver tudo com muita clareza e objetividade, você sabe resolver situações confusas 
ou tumultuadas. Tem plena consciência da sua força moral e não hesita em usá-la 
para atingir todas as suas metas. 

5. OXÉ Odu regido por Oxum. Sensível e sempre atento, você é uma pessoa 
sempre disposta a proporcionar alegria aos outros. Mas há momentos nos quais 
você precisa de isolamento para poder refletir, pois preza muito sua liberdade e, 
sobretudo, seu, crescimento. 

6. OBARÁ Odu regido por Xangô e Oxossi. Você luta com unhas e dentes pelo 
que quer e geralmente consegue muito sucesso material. Mas, no amor precisa 
entender que não pode exigir demais dos outros. 

7. ODI Odu regido por Obaluaê. Você realmente está satisfeito com o que consegue. Mas não fica se lamentando. Prefere ir à luta. Caso aprenda com clareza 
seus objetivos, alcançará grandes êxitos. 

8. EJI-ONILE Odu regido por Oxaguiã. Sua agilidade mental faz de você uma 
pessoa falante e muito ativa. Além disso, você gosta de poder e prestígio e chega 
a sentir inveja de quem está em melhor situação. Mas seu senso de justiça o impede de prejudicar quem quer que seja. 

9. OSSÁ Odu regido por Iemanjá. Você é uma pessoa que gosta de estudar cuidadosamente todas as coisas e sua larga visão de mundo em busca do conhecimento interior. Se quiser alcançar o sucesso, precisa tomar cuidado de manter alguma ordem no seu dia a dia. 

10. OFUN Odu regido por Oxalufã. Seu jeitão rabugento é apenas um escudo 
para que os outros não abusem da sua vontade e da sua sensibilidade. No fundo, 
você é uma pessoa serena, que se adapta aos autos e baixos da vida. 

11. OWANRIN Odu regido por Iansã e Exu. A pressa e a coragem são suas características. Tenso e agitado, você nunca fica muito tempo no mesmo lugar, a 
não ser que se sinta obrigado. Pode não obter grande sucesso material, mas a vida sempre lhe reserva muitas alegrias. 

12. ELI-LAXEBORÁ Odu regido por Xangô. Sua principal virtude é o amor à justiça, que algumas vezes se transforma em intolerância com os erros alheios. Nessas ocasiões, você deve se voltar para outras de suas qualidades: a dedicação, que 
lhe permite ajudar todas as pessoas. 

13. EJI-OLOGBON Odu regido por Nanã e Obaluaê. Você está quase sempre um 
pouco deprimido. Só faz o que quer quando quer o como quer. Mas, como tem 
grande capacidade de reflexão, acaba se adaptando e consegue viver bem com os 
outros. 

14. IKÁ-ORI Odu regido por Oxumaré e Ewá. Paciência e sabedoria são suas 
principais características. Versátil, você se dá bem em qualquer atividade. Poderá 
passar por provações materiais e sentimentais, mas sempre saberá reencontrar o 
caminho para felicidade. 

15. OGBÉ-OGUNDÁ Regido pelo orixá Tempo. Você uma pessoa rebelde e 
cheia de vontades, que muitas vezes não resiste a defender seu ponto de vista 
mesmo depois que percebe que está errado. Por isso, deve tomar cuidado para 
não se deixar dominar pelo nervosismo. 

16. ALAFIÁ Odu regido por Oxalá e Orumilá. Suas principais características são 
a tranqüilidade e alegria. Amante da paz, você cria um clima de harmonia á sua 
volta. Se mantiver o equilíbrio, sem dúvida alcançará o sucesso. 

Fonte: Lendas Orixás

Agosto é o mês de Obaluayê, o Senhor da Terra!

Uma história muito conhecida conta que:
"Xangô um dia convidou os orixás para uma festa. Havia muita fartura e todos
estavam muito felizes. No meio da festa, eles se dão conta da ausência de Obaluaiê...
Ele não havia sido convidado. Temendo sua cóIera, os orixás decidem ir ao seu palácio, todos juntos, levando o que comer e beber. Era necessário pedir desculpas... fazê-lo esquecer a indelicadeza... Obaluaiê aceita a homenagem, mas faz chamar a todos os habitantes de sua cidade para participar com ele do banquete..."

cerimônia pública chamada Olubajé,
palavra Iorubá que significa Olú: aquele que; Gba: aceita; Je: comer.
Ou, Olú: aquele que; Báje: come com, segundo Cacciatore (1997 : 202).
Esse ritual é dedicado a Obaluaiê (rei da terra), Omolu (filho do senhor), Onilé (senhor da terra),
e a Sapatá e Xapanã (deus da varíola). O último nome, impronunciável ern público, e,
como os outros, um título do mesrno orixá: rei do mundo, senhor da terra e de todos os caminhos.
O Olubajé é realizado nas Casas de Candomblé do Rio de Janeiro, de Salvador, na Bahia,
na cidade de São Paulo, nos "Terreiros" chamados Nagô ou Jejê-nagô, dentre outras cidades do nosso querido Brasil.

texto adaptado do site <A href="http://members.tripod.com/~DilFonseca/olubaje.htm" rel="nofollow noindex external">http://members.tripod.com/~DilFonseca/olubaje.htm</A>

Quem é Obaluaê ?!?

OBALUAIÊ ( "rei", "senhor da terra")


Deus originário do Daomé. Obaluaiê é uma flexão dos termos Obá (rei) - Oluwô (senhor) - Ayiê (terra), "rei, senhor da terra". Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) - Oluwô (senhor) que quer dizer "filho e senhor". Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu, o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência e influência, significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesma força da natureza.

Obaluaiê é o sol, a quentura e o calor do astro rei, é o senhor das pestes, das doenças contagiosas ou não. É o rei da terra, do interior da terra, e é o orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa), porque para os humanos é proibido ver o seu rosto devido à deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a esse poderosíssimo orixá. Está no funcionamento do organismo, na dor que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele devemos a nossa saúde. Trata do interior, mas cuida também da pele e de suas moléstias.

Divide com Oia-Iansã a regência dos cemitérios, pois é o orixá que vem como emissário de Oxalá (princípio ativo da morte), para buscar o espírito desencarnado. É ele que vai mostrar o caminho, servir de guia para aquele espírito. Obaluaiê também é o senhor da terra e das camadas do seu interior, para onde vamos todos nós. Daí sua ligação com os mortos, pois é ele quem vai cuidar do corpo sem vida. Também conhecido como Xapanã.

Obaluaiê está presente no nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também o suor, a transpiração e seus efeitos. Rege aquele que tem problemas mentais, perturbações nervosas e todos os doentes. Está presente nos hospitais, casas de saúde, ambulatórios, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença, mas principalmente a cura, a saúde. É o orixá da misericórdia.

Rege a má digestão, a congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.

Filho de Nanã, que o abandonou por ser doente, foi criado por Iemanjá. Orixá fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações por sua importância. Conta-se que, abandonado por Nanã, foi cuidado por Iemanjá que o alimentava com pipoca sem sal acrescida de mel para melhorar o gosto, e passava azeite de dendê em suas feridas para aliviar a dor e coceira.



Atotô Ajuberô ! nos cure e nos dê a sua bênção !

Fonte: Fotolog RONVITALLE


Jagun é ou não é Obaluayê?

Muitos olham pra ele de várias formas, uns dizem que ele tem a famosa palha de Obaluayê na cabeça outros afirmam que ele usa apenas um oja na cabeça...
Eu como filho deste Orixá e que tanto corro atrás de informações, raízes e os verdadeiros cultos de Jagun.
Independente de qualquer caminho desse Orixá, ele tem fundamento com Ogun, Ajagunã e Ja.
É um Orixá quente de guerra, destemido e muito valente as vezes temperamental como os seus filhos, mais o seu objetivo é fazer Paz em nome de Oxalá, e que eu posso dizer é que Jagun é natural das terras de Ekiti.
Por isso muitos confundem os filhos de Jagun com os filhos de Oxaguiã, Ogun ou de Omulu.
Mais a confusão entre Jagun e Obaluaye começa quando ele é ordenado por Oxalá junto com Ajagunã e Ja para atacar as terras de Oxum, as terras de Osogbo...
Nisso Oxum descobriu que seria atacada pelos 3 guardiões de Oxalufã, rapidamente consultou Ifá, e fez um ebó pra eles com Igbis e quando eles atacaram cada um foi para um terra diferente.

Jagun foi pra terras de Obaluaye, Ja para as terras de Ifé Ogun, e Ajagunã para as terras de Oxaguiã.
Jagun começou uma nova vida por lá nas terras de Obaluaye, mais viu que lá não existia um culto especifico pra ele como tinha em sua cidade natal Ekiti, e como estava perdido por lá e não sabia voltar por que também estava enfeitiçado por Oxum... então viveu nesse local por um tempo, conseguiu crescer e ganhar o respeito e o culto do povo da terra de Obaluayê, e assim nasceu uma nova espécie de culto pra Jagun sendo assim passando a usar a palha na cabeça mais até a cintura e por baixo da palha sempre usando o branco original seguindo a ordem de Obatalá (Rei do Pano Branco) sem deixar a raiz funfun e está ali lutando em nome de Oxalá.

Mais Jagun não se contentou em ficar ali somente, inquieto e em busca da volta a Ekiti, passou por várias terras de vários Orixás e assim dando origem aos seus caminhos

Jagun Elewé - Ligado a família Unjí, esse caminho é o caminho que Jagun passou nas terras de Sapata e encontrou Orisá Ọ̀sónyìn e aprendeu a magia da cura e das folhas.Caminha com Ọ̀sónyìn.Sua ferramenta é um opere Ọ̀sónyìn prateado mas sem as folhas Faz Oro com Ọ̀sónyìn e ligado a Erinlẹ̀ e Ògún Já.Nesse caminho ele é muito guerreiro e ligado a cura e os mistérios de magia de Ìyámi Oṣoronga.

Jagun Alagba ou Jagun Abagba - Esse caminho de Jagun é muito melindroso,pois ele tem muita ligação com Ìyámi e Baba Egun.Pessoas desse caminho pelo menos tem que se tomar Bori ou Obi com Ejé dois vezes no ano.È um caminho muito quente,tem ligação com Yewa pois ele foi sua esposa e é bom arruma todas as Iyabás para acalmá-lo,alias todos os caminho é bom serca com muito Orisá Omi e Òṣàlà.Esse caminho é Ligado a Ajagunã e Já.Ele leva uma mão de pilão nas costas e mora no quarto de Orinssala ou em um quarto com Ajagunã/Betiode ou Betioco dependendo do Odu da pessoa e Já.Para mexer com esse Orisa independente de caminho tem que tratar bem de Ìyámi, Egun e Esú. Esse caminho de Jagun usa três ikeles um de Buzios,um de conta e outro de Branco de Osala.

Jagun Ọdé Ou Jagun Olodé - Ligado aos Odés.Inclusive mora no quarto dos Odés.Ligado a Ògún e Ọ̀ṣọ́ọ̀si.Ele usa um Ofá prateado.Faz Orô com Ọ̀ṣọ́ọ̀si e Ògún Já. Mas se arruma: Ọ̀ṣọ́ọ̀si,Otín e Logun Edé, Erinlé,Iya Otín ,Ajagunan Betiodé e Ògún..Ou seja ele é ligado a todos os Odés e mais ele sai também no abado de Ọ̀ṣọ́ọ̀si e nos mariows de Ògún.

Jagun Igbona - Ligaçao com Ayrá,nessa fase Jagun era lento como um igbí,que por isso Ayrá esquentou o casco do igbí para esquentalo E por isso nessa fase de Jagun é muito quente por se ligado aos Orisás do fogo.Ayrá e Oyá.

Jagun Agbá funfun - Ligado a Oṣàlúfọ́n, Yèmọnja e Oṣoguian. Esse caminho tem que fazer bastante oro a Ayrá pois ele é guerreiro mais é bem lento ....

Jagun Ajojí ou Jagun Seji Lonan - Ligado a Ògún, muito sanguinário. Ele é muito quente e guerreiro,nessa fazer Jagun usa mariô ou abre caminho para acalmá-lo.Faz orô com Ògún,esse caminho leva um ikele e umbigueira de ferro.Ligado a Esú Ona também..

Jagun Aisan - Esse caminho de Jagun é totalmente Fêmea ou seja Iyabá,esse caminho ele se cobre de palha ou mario.quase não se faz mais.Assim conta -se o itan que ele nesse caminho seria fêmea.E por mais um motivo que muitas pessoas confundirão Jagun c/ Obalúwaìye por esse caminho usar palha.Esse caminho só se arruma não se faz em Ori.

Considerar Jagun como Obaluayê não está errado, pois o mesmo aceitou as tradições das terras de Obaluaye, mais também é correto usar por opção do Zelador todos os fundamentos desse Orixá pois ele tem cantigas e culto próprio, é correto também Jagun não vestir palha.


                                 Ilustração de Jagun (a esquerda) e Obaluayê (a direita)

Que depois de anos, lá na cidade de Ekití, Olooke o grande senhor da montanha e rei de Ektií e pai de Oxum, sentia falta de sua filha na cidade onde ela nasceu. Oxum,estava na cidade de Osogbo, então Olooke por ser muito amigo e companheiro inseparável de Obatalá, pediu a ele que enviasse seu filho Oxaguiã para buscar Oxum. Assim fez, Oxaguiã foi buscar Oxum a força, Oxum não queria vir e ele não conseguiu trazê-la de volta, pois Oxum amava a cidade de Osogbo onde ela comandava sozinha tudo aquilo. Então voltou Oxaguiã para Obatalá sem Oxum. Oxaguiã com medo da reação de Olooke pediu a Obatalá que não deixasse ele fazer nada contra ele. Olooke então lembrou do outro guerreiro de Oxalá que se chamava Jagun e que ele muito confiava. Olooke ao saber que Jagun tinha sofrido um golpe por feitiço de Oxum,ele imediatamente mandou chamar Jagun. Jagun então voltou a terra de Ekití onde ele nasceu, foi perante a Oké e lhe pediu perdão por anos sumido de suas terras Olooke pediu que ele fosse buscar Oxum, Jagun retrucou dizendo que ela tinha o poder das Íyas e que ele não conseguiria. Olooke como ele que tinha outorgado a Iyas seus poderes de Agé, falou: Ómo Jagun vá que nada te acontecerá. Assim fez Jagun foi chegou e trouxe Oxum. Olooke por estar tão feliz em ver sua filha de volta deu o titulo a Jagun de Jagun-Efan, que seria guerreiro de Oxum. Ele muito grato a Jagun deu lhe o privilegio de ser uns príncipes de Efan e dividir o reinado do Ekiti com Oxum, para que Oxum sempre lembra-se dele.

Bom, com isso Jagun volto a terra de Efan, mas Jagun não esquecera as terras do Jejê onde tinha filho, mulher e amigos. Ai demonstra o porque o Efan acabou tendo ligação com as terras dos voduns e porque hoje em dia e no antigo terreiro do Oloroke cultuava Iroko,Omolu,Bessen,nana e outros vodus.


Opinião feita em base de pesquisas feitas por: Oluwá Le Ji de Jagun

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Iniciação no Candomblé

O sacerdócio e organização dos ritos para o culto dos orixás são complexos, com todo um aprendizado que administra os padrões culturais de transe, pelo qual os deuses se manifestam no corpo de seus iniciados durante as cerimonias para serem admirados, louvados, cultuados. Os iniciados, filhos e filhas-de-santo (iaô, em linguagem ritual), também são popularmente denominados “cavalos dos deuses” uma vez que o transe consiste basicamente em mecanismo pelo qual cada filho ou filha se deixa cavalgar pela divindade, que se apropria do corpo e da mente do iniciado, num modelo de transe inconsciente bem diferente daquele do kardecismo, em que o médium, mesmo em transe, deve sempre permanecer atento à presença do espírito. O processo de se transformar num “cavalo” é uma estrada longa, difícil e cara, cujos estágios na “nação” queto podem ser assim sumariados:
Para começar, a mãe-de-santo deve determinar, através do jogo de búzios, qual é o orixá dono da cabeça daquele indivíduo (Braga, 1988). Ele ou ela recebe então um fio de contas sacralizado, cujas cores simbolizam o seu orixá (ver Anexo), dando-se início a um longo aprendizado que acompanhará o mesmo por toda a vida. A primeira cerimonia privada a que a noviça (abiã) é submetida consiste num sacrifício votivo à sua própria cabeça (ebori), para que a cabeça possa se fortalecer e estar preparada para algum dia receber o orixá no transe de possessão. Para se iniciar como cavalo dos deuses, a abiã precisa juntar dinheiro suficiente para cobrir os gastos com as oferendas (animais e ampla variedade de alimentos e objetos), roupas cerimoniais, utensílios e adornos rituais e demais despesas suas, da família-de-santo, e eventualmente de sua própria família durante o período de reclusão iniciática em que não estará, evidentemente, disponível para o trabalho no mundo profano.
Como parte da iniciação, a noviça permanece em reclusão no terreiro por um número em torno de 21 dias. Na fase final da reclusão, uma representação material do orixá do iniciado (assentamento ou ibá-orixá) é lavada com um preparado de folhas sagradas trituradas (amassi). A cabeça da noviça é raspada e pintada, assim preparada para receber o orixá no curso do sacrifício então oferecido (orô). Dependendo do orixá, alguns dos animais seguintes podem ser oferecidos: cabritos, ovelhas, pombas, galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado sobre a cabeça da noviça, no assentamento do orixá e no chão do terreiro, criando este sacrifício um laço sagrado entre a noviça, o seu orixá e a comunidade de culto, da qual a mãe-de-santo é a cabeça. Durante a etapa das cerimonias iniciáticas em que a noviça é apresentada pela primeira vez à comunidade, seu orixá grita seu nome, fazendo-se assim reconhecer por todos, completando-se a iniciação como iaô (iniciada jovem que “recebe” orixá). O orixá está pronto para ser festejado e para isso é vestido e paramentado, e levado para junto dos atabaques, para dançar, dançar e dançar.
No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos, a dança e a comida (Motta, 1991). Uma festa de louvor aos orixás (toque) sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que significa “vamos comer”), preparado com carne dos animais sacrificados. O novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimonias festivas ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa “meu irmão mais velho”), estando ritualmente autorizado a abrir sua própria casa de culto. Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação.
Quando o ebômi morre, rituais fúnebres (axexê) são realizados pela comunidade para que o orixá fixado na cabeça durante a primeira fase da iniciação possa desligar-se do corpo e retornar ao mundo paralelo dos deuses (orum) e para que o espírito da pessoa morta (egum) liberte-se daquele corpo, para renascer um dia e poder de novo gozar dos prazeres deste mundo.
Fonte: Herdeiras do Axé por Reginaldo Prandi

sábado, 27 de julho de 2013

Os 16 caminhos de Yemanjá

São 16 as qualidades, e por possuírem características tão próprias, há quem chegue a considerar que se trata de orixás individuais (independentes) das outras qualidades. Aqui, no entanto, e por não haver concenso quanto a esta questão, e muito estudo e pesquisa ser ainda necessário, vamos encarar como qualidades de um único orixá, tal como fazemos com todos os outros.

Yemanjá Asdgba ou Soba – É a mais velha, manca de uma perna devido a uma luta com Exu, rabugenta, e feiticeira, fala de costas, gosta de fiar seu cristal. Comanda as caçadas mais profundas do oceano, tem afinidade com Nanã. Veste branco.Yemanjá Akurá – Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro. Come com Nanã.Yemanjá Ataramaba – Nessa forma ela está no colo de seu pai Olokun.Yemanjá Ataramogba ou Iyáku – Vive na espuma da ressaca da maré.Yemanjá Ayio – Muito velha. Veste sete anáguas para se proteger. Vive no mar e descansa nas lagoas. Come com Oxum e Nanã.Yemanjá Iya Masemale ou Iamasse – É a mãe de Xangô e quem cuidou de Oxumarê. Esposa de Oranian e muito festejada durante as festas consagradas a seu filho Xangô. As suas contas são branco leitosas, rajadas de vermelho e azul.Yemanjá Iyemoyo, Awoyó; Yemuo; Yá Ori ou Iemowo – É uma das mais velha, possui ligação com Oxalá, o seu fundamento está no ori, representa a vida, pode curar doenças da cabeça. Veste branco e cristal.Yemanjá Konla – O seu mito conta que ela afoga os pescadores.Yemanjá Maleleo ou Maiyelewo – Esta Yemanjá vive no meio do oceano no lugar onde se encontram as sete correntes oceânicas.Yemanjá Odo – Tem aproximação com Oxum, e vive na água doce sendo muito feminina e vaidosa.Yemanjá Ogunté – Considerada a nova guerreira, dona da espada, esposa de Ogum ferreiro (Alagbedé) e mãe de Ogum Akorô e Oxóssi. O seu nome significa aquela que contém Ogum. Vive perto das praias, no encontro das águas com as pedras. Traz na cintura um facão e todas as ferramentas de Ogum. Veste branco; azul marinho, cristal, ou verde e branco.Yemanjá Olossá ou Bosá – Come com Oxum e Nanã. Veste verde-clara e suas contas são branco cristal. É a Yemanjá mais velha da terra de Egbado.Yemanjá Oyo – Benéfica, muito feminina, saudada na cerimónia do Padê, veste de branco, rosa e azul claro.Yemanjá Saba – Fiadeira de algodão, foi esposa de Orunmilá.Yemanjá Sessu, Sesu, Yasessu ou Susure – Ligada à gestação. Voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun, o deus do mar. Vive nas águas sujas do mar e é muito esquecida e lenta. Come com Obaluaiyê e Ogum. Além do próprio assentamento, tem que se assentar Oxum e Obaluaiyê. Veste branco, verde água e suas contas branco cristal.Yemanjá Yinaé ou Malelé – Aquela que os filhos sempre serão peixes. Também conhecida como Marabô, mora nas águas mais profundas. É a sereia, ligada à reprodução dos peixes; vem sempre a beira do mar apanhar as suas oferendas; está ligada a Oxalá e Exú.




Oxum descobre o Segredo dos Búzios

Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Exu e este não queria lhe revelar. Ela então procura na floresta as feiticeiras, chamadas YAMI OXORONGÁ. As feiticeiras perguntam a Oxum o que faz ali e ela lhes pede como enganar a Exu e conseguir o segredo do jogo de búzios. As feiticeiras a muito querendo pregar uma peça a Exu, ensinaram toda a sorte de magias a Oxum, mas exigiram que ela lhes fizesse uma oferenda a cada feitiço realizado. Oxum concordou e foi procurar Exu.
Ao chegar perto do reino de Exu, este desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Exu se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos olhos de Exu o cega e arde muito. Exu gritava de dor e dizia;
Oxum fingindo preocupação, respondia:
- Búzios? Quantos são eles?
- Dezesseis, respondeu Exu, esfregando os olhos.
- Ah! Achei um, é grande!
- É Okanran, me dê ele.
- Achei outro, é menorzinho!
- É Eta-Ogundá, passa pra cá…



- Eu não enxergo nada, cadê meus búzios?
E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios, Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividir-lo com Exu.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Oxaguiã Ajagunã, O Orixá que nasceu sem Orí

Oxalá mais novo (Oxaguian) é também conhecido como Ajagunan (o Oxalá da guerra). Ele nasceu de Obatalá.  Nasceu num igbim, (caramujo em yorubá), a sua saudação é Epá, epá babá, sua comida é Ebó ou inhame pilado, seu culto dentro do candomblé é a Festa dos Inhames Novos e as águas de Oxalá é feita no mês de setembro e em algumas casa de Ketu, Angola e Jejê em dezembro. No final da história você poder ouvir o Xirê de Oxalá no ritmo Ijexá (tocado com as mãos) com a sua letra e tradução.

Logo que nasceu, Ajagunã se revoltou, pois ele não tinha Ori, não tinha cabeça e andava pela vida sem destino certo. totalmente desorientado. Em um certo, chegando a beira de sua loucura, encontrou Ori (orixá que representa cabeça)na estrada e Ori fez para Ajagunã uma cabeça branca, mas ela era de inhame pilado sua cabeça. Mas a cabeça de inhame era muito quente e logo o Orixá Ajagunã sofria torturantes dores de cabeça.

E sua jornada pelo equilíbrio não terminava ali, então em outra feita, lá ia pela estrada Ajagunã padecendo de seus males, quando se encontrou com Orixá Iku, (a Morte). Iku se pôs a dançar para Ajagunã e se ofereceu para dar a ele outro ori.

Oxaguiã, com medo, recusou prontamente, mas era tão insuportável o calor que ele sentia que não pôde recusar por muito tempo a oferta. Iku prometeu-lhe um ori negro. Iku ofereceu-lhe um ori frio. 

Ele aceitou.

A sorte de Ajagunã contudo não mudou. Era fria e dolorida essa cabeça negra. Mas pior era o terror que não o abandonava de sentir-se perseguido por mil sombras (espíritos malignos). Eram as sombras da morte em sua cabeça fria. Então surgiu Ogum (seu irmão) e deu sua espada a Ajagunã. E com a espada ele afugentou a Morte e as suas sombras.

Ogum fez o que pôde para socorrer o amigo e irmão, com a faca retirando o ori frio grudado no ori quente.
Na operação de Ogum as duas cabeças se fundiram e o ori de Oxaguiã ficou azulado, um novo ori nem muito quente, nem muito frio. Uma cabeça quente não funciona bem. Uma cabeça fria também não. Foi o que se aprendeu com a aventura de Ajagunã. Finalmente, a vida de Ajagunã se normalizou. Com a ajuda de Ogum, mais uma vez, o orixá aprendeu todas as artes bélicas e assim venceu na vida muitas batalhas e guerras.






terça-feira, 23 de julho de 2013

Depoimento do filho de santo Togunijá de Ogum

Ogum é o Senhor do ferro para sempre

Orixá Ocô cria a agricultura com ajuda de Ogum.
No princípio, havia um homem que se chamava Ocô, mas Ocô não fazia nada o dia todo, não havia o que fazer, simplesmente. Quando os alimentos na Terra escassearam, Olorum encarregou Ocô de fazer plantações, que plantassem inhame, pimenta, feijão e tudo mais que os homens comem.
Ocô gostou de sua missão, ficou todo orgulhosos, mas não tinha a menor idéia de como executá-la, até que viu, debaixo de uma palmeira, um rapaz que brincava na terra, com um graveto ele revolvia a terra e cavava mais fundo, Ocô quis saber o que fazia o rapaz. "Preparando a terra para plantar, para plantar as sementes que darão as plantas", explicou o rapaz de pele reluzente. "Que sementes, se nem plantas ainda há?", perguntou, incrédulo, Ocô. "Nada é impossível para Olodumare", foi a resposta.
Começaram então a cavar juntos a terra, o graveto que usavam como ferramenta quebrou-se e passaram então a usar lascas de pedra, o trabalho, entretanto, não rendia e Ocô saiu a procura de alguma maneira mais prática.
Outro dia, quando Ocô voltou sem solução, o rapaz tinha feito fogo, protegendo-o com lascas de pedra, viram então que a pedra se derretia no fogo. A pedra líquida escorria em filetes que se solidificavam. "Que ótimo instrumento para cavar!", descobriu efusivamente o inventivo rapaz. Ele pôde então usar o fogo e fazer lâminas daquela pedra, e modelar objetos cortantes e ferramentas pontiagudas.
Ele fez a enxada, a foice e fez a faca e a espada e tudo o mais que desde então o homem faz de ferro para transformar a natureza e sobreviver. O rapaz era Ogum, o orixá do ferro. Juntos resolveram a terra e plantaram e os alimentos foram abundantes.
E a humanidade aprendeu a plantar com eles, cada família fez a sua plantação, sua fazenda, e na Terra não mais se padeceu de fome, e Ocô foi festejando como Orixá Ocô, o Orixá da Fazenda, da plantação, pois fazenda é o significado do nome Ocô.
E Ogum e Orixá Ocô foram homenageados e receberam sacrifícios como os patronos da agricultura, pois eles ensinaram o homem a plantar e assim superar a escassez de alimentos e derrotar a fome.
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001





segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Beleza de Obaluaye

Iansã era uma mulher muito curiosa, de todos queria noticias e tudo queria saber. Apenas um segredo havia que ela já fizera de tudo para descobrir e não conseguira. Era o fato de Obaluaiê andar coberto de palha, apenas se viam seus braços e pernas e nunca ninguém vira seu rosto. Iansã perguntava a todos o porquê disso e sempre lhe diziam que como tinha o corpo e o rosto coberto de chagas, ele não gostaria de mostrar ao mundo a sina que o acompanhava. Essas explicações vindas de todos os lados a deixavam mais curiosa ainda. Passou a perseguir Obaluaiê obsessivamente, aonde ele ia, disfarçadamente ia atrás. Um dia quando estava quase desistindo, sentia-se cansada o rapaz andava muito, sentou-se aos pés de uma grande árvore e adormeceu. Acordou com o ruído do farfalhar de palhas que sempre acompanhava seu perseguido que estava molhando os pés num pequeno riacho muito perto dela e não a tinha percebido. Era a hora! Finalmente descobriria o que há meses a torturava. Ergueu as mãos para o céu e chamou pelos ventos que sempre a auxiliavam. Eles vieram e numa lufada forte envolveram Obaluaiê, que despreparado, não pode impedir que a palha se levantasse deixando seu corpo exposto. Qual a surpresa de Iansã ao ver que debaixo da vestimenta não havia uma só chaga, mas sim uma beleza radiosa, todo o corpo do rapaz brilhava numa cor de cobre que o sol acentuava. O que ele escondia não era a vergonha de um corpo disforme e sim a beleza infinda que a todos faria inveja. Desse dia em diante Iansã não mais perseguiu Obaluaiê, mas sempre que o encontrava suspirava pela beleza que nunca mais esqueceu.

Exu vinga-se e exige o privilégio das primeiras homenagens

Exu era o irmão mais novo de Ogum, Odé e outros orixás.Era tão turbulento criava tanta confusão que um dia o rei já não suportando sua malfazeja índole, resolveu castigá-lo com severidade. Para impedir que fosse aprisionado, os irmãos o aconselharam a deixar o país. Mas enquanto Exu estava no exílio, seus irmãos continuavam a receber festa e louvações. Exu não era mais lembrado, ninguém tinha notícias de seu paradeiro. Então, usando mil disfarces, Exu visitava seu país, rondando, nos dias de festa, as portas dos velhos santuários.
Mas ninguém o reconhecia assim disfarçado e nenhum alimento lhe era ofertado. Vingou-se ele, semeando sobre o reino toda a sorte de desassossego, desgraça e confusão.Assim o rei decidiu proibir todas as atividades religiosas, até que descobrissem as causas desses males. Então os babalorixás reuniram-se em comitiva e foram consultar um babalaô que residia nas portas da cidade. O babalaô jogou os búzios e Exu foi quem falou no jogo. Disse nos odus que tinha sido esquecido por todos. Que exigia receber sacrifícios antes do demais e que fossem para ele os primeiros cânticos cerimoniais. O babalaô jogou os búzios e disse que oferecessem um bode e sete galos a Exu.
Os babalorixás caçoaram do babalaô, não deram a menor importância às suas recomendações e ficaram por ali sentados, cantando e rindo dele. Quando quiseram levantar-se para ir embora, estavam grudados nas cadeiras. Sim era mais uma das ofensas de Exu!
O babalaô então pôs a mão no ombro de cada um e todos puderam levantar-se livremente. Disse a eles que fizessem como fazia ele próprio: que o primeiro sacrifício fosse para acalmar Exu. Assim convencidos, foi o que fizeram os pais e mães-de-santo, naquele dia e sempre desde então.
Lenda tirada do livro 
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi - 2001

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Lenda de Osàlá

É o orixá da criação e faz parte dos orixás denominados funfun, isto é, brancos, ou que se vestem de branco. Oxalá é o deus criador do homem e da cultura material. No Brasil tem o status de pai dos orixás e senhor supremo. Seu dia é sexta-feira, quando se costuma usar roupa branca para homenageá-lo. Suas contas são igualmente brancas, de louça, mas os filhos da qualidade Oxaguiã usam umas poucas contas azuis a cada seqüência de contas brancas. É saudado com o brado: Êpa Babá!
Lenda: Oxalá, estava morrendo de saudades de um de seus filhos, Xangô, que morava em terras longínquas. Antes porém de viajar, consultou Ifá, o Deus da Adivinhação, que desaconselhou a viagem. Mas ante a teimosia de Oxalá, determinou-lhe que durante a viagem, além de levar três mudas de roupas brancas, sabão e Ori, concordasse com tudo que as pessoas lhe pedissem sem jamais irritar-se.
Durante o caminho Oxalá encontrou com um Exu, o senhor do Azeite-de-dendê, que o saudou efusivamente e pediu um abraço. Oxalá cumprindo as determinações de Ifá, abraçou-o, e Exu que carregava um barril do azeite sobre as costas, ao abraçá-lo derramou todo o azeite por cima dele e foi-se rindo, satisfeito de sua brincadeira. Oxalá lembrando-se das determinações de Ifá, resignadamente, lavou-se com o sabão, passou Ori no corpo despachou a roupa suja e seguiu viajem. Mais adiante encontrou outro Exu, agora o dono do carvão, que também o saudou como o anterior e fez exatamente a mesma brincadeira, sujando-o de pó carvão retirando-se rindo também. Mas uma vez, Oxalá, se limpa, despacha a roupa suja, troca de roupa e segue a viagem, sem se aborrecer como Ifá determinara. Ao chegar ao reino de Xangô, viu um lindo cavalo branco, reconhecendo-o como um que em outras épocas havia dado de presente ao seu filho.
O cavalo também reconhecendo-o seguiu mansamente com ele. Nisso chegam os criados de Xangô, e ao verem Oxalá, sem o reconhecerem, e vendo-o levando o cavalo, toma-no por um ladrão, agridem-no e jogam-no numa masmorra. Lá ficou durante sete anos. Durante esse tempo, o reino de Xangô sofreu muitas desgraças, a colheita era ruim, o gado foi dizimado pela seca, as mulheres ficaram estéreis e as pessoas morriam de fome. Xangô, sem saber o que estava acontecendo, mandou chamar os mais afamados adivinhos, chegando a consultar o maior de todos os oráculos, Ifá! Este revelou-lhe que o acontecido era em virtude de ter em suas masmorras um inocente. Xangô manda vasculhar todas suas prisões, até chegar a Oxalá.
Levado o prisioneiro a frente do grande rei, este reconhece seu pai e imediatamente manda buscar água para lavá-lo. Todos se purificaram e vestiram-se de branco em seu respeito. Como Oxalá, mal podia andar, alquebrado pelos maus tratos e tempo em que ficou preso, Xangô deu-lhe Ayrá, que o carregou nas próprias costas, até o palácio de Oxaguian, seu outro filho, onde morava anteriormente.

Maria Bethânia mulher de muito Axé!

Um dia desses estava olhando uma entrevista da Maria Bethânia e é percebi seu alto nível de religiosidade, e de amor aos Orixás Yansã e Oxum.
Ela declara no trecho abaixo a revista Época

ÉPOCA: A quantas anda sua religiosidade? Ainda continua devota do candomblé?
Maria Bethânia:
 Estou rezando cada dia mais. Candomblé, sim. Sou de iansã e oxum, graças a Deus. Guerreira, mais amorosa, forte, vem de Iansã. E quando abrange mais pessoas do que meu sentimento, é mais oxum.


Entrevista completa em http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT913104-1655,00.html

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Xangô, O Rei de Oyó

Hoje também é o dia de Xangô, o Orixá da Justiça e do fogo. Deixaremos uma homenagem a esse grande e adorado Orixá.

Xangô era rei de Oyó, o mais temido e respeitado de todos os reis. Mesmo assim, um dia seu reino foi atacado por uma grande quantidade de guerreiros que invadiram a cidade violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas. Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados, e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e quando estava no ponto mais alto, foi tomado de extrema fúria. Pegando seu oxê, ( machado de duas lâminas ), e começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas ao serem quebradas, lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemência. Levados até ao rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta voz. O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Desculpou-se pedindo perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria, e sim forçados por um monarca, vizinho de Oyó, que tinha um grande ódio de Xangô, e os martirizavam impiedosamente. Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Assim tornou-se conhecido como o Orixá justiceiro que perdoa quando defrontado com a verdade, mas que queima com seus raios os mentirosos e delinquentes.

Os ventos e os Eguns - Lenda de Oyá

Hoje é dia da mãe Yansã/Oyá, então como forma de homenagem deixaremos um mito dessa guerreira. 

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de SÀNGÓ, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obalúayé. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a SÀNGÓ. Iansã foi e lá Obalúayè recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora. Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obalúayé. Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça SÀNGÓ chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso. Foi a única entre as mulheres de SÀNGÓ que , no fim do seu reinado, o seguiu em sua fuga para Tapá. Quando ele recolheu-se para baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em Yiá.

... a ira da mulher búfalo
Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era yansan, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre. Yansan fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro.Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma mulher e sim animal ), yansan foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.Chegando em casa, ogum explicou suas outras esposas que yansan iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto ogum saía para trabalhar, yansan passava o dia procurando sua trouxa.Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia yansan. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: "Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal." Iansã compreendeu a alusão. Depois que yansan encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos. Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo deveriam bater os chifres um contra o outros; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de yansan/oya.

... orisá do fogo
Embora tenha sido esposa de Sangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu Osossi, Logun-Edé e tentou em vão relacionar - se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo. Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la. Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan .Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.Depois partiu e nas estradas deparou-se com Esú. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Esú. Seduziu Logun-Odé e com ele aprendeu a pescar. Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oya queria e ela respondeu:
-"queria ser sua amiga".
Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha:
-"Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo."
- "Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a tratar dos Mortos".
Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Sangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Sangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orisá do Fogo.

... o sopro
Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação.
Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamen

te. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra. Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Oyá. Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.
O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.

... respeito
Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Iansã".
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê. Oiá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro, e em sinal de respeito por seu pedido atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.

... corajosa e atrevida
Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

Fonte: http://www.lendas.orixas.nom.br/